quinta-feira, 12 de setembro de 2013

AUTÁRQUICAS 2013 - Notas de Campanha

"O que mais temo nas eleições é a iliteracia dos eleitores"


Nota 13 - "É Mais Fácil Morrer na Guerra do que Dizer a Verdade na Política" (G.K.Chesterton) 

Por mero acaso, num dos frequentes mails que recebemos com os assuntos mais variados, chegou-nos às mãos um texto editado pelo Instituto do Consumidor acerca das burlas e fraudes na internet. Surgiu-nos, então, a ideia de efectuarmos uma pequena adaptação dedicada à mentira na política, tanto mais que acabáramos de receber, também, um opúsculo de um grupo político alfenense que nos presenteava com, nada mais, nada menos, do que 64 "compromissos".

Assim, e com a devida vénia ao Instituto do Consumidor e pedindo desculpa pela ousadia, eis o texto que elaborámos: 

Proteja-se dos políticos mentirosos 

Todos os anos, cidadãos há que perdem grandes quantias de dinheiro com mentiras concebidas por “especialistas”. Do mesmo modo, de xis em xis anos, os cidadãos são bombardeados com as mais variadas promessas de profissionais da política, muitos dos quais, são igualmente especializados na mentira.

Estes políticos mentirosos estão constantemente a desenvolver novas formas de reinventar velhas mentiras. Não se deixe enganar se as promessas parecerem boas demais, pois, para serem autênticas, é porque, provavelmente, são... mentiras.

As mentiras políticas vivem do desejo natural de conservar a saúde, aumentar a riqueza, a segurança, a qualidade de vida e o nosso orgulho de pertença. Alguns políticos mentirosos são capazes de manipular um cidadão sem que ele sequer se aperceba disso. Prometem coisas que uma pessoa não deseja, não usa, nem necessita, de facto, mas a promessa é tão atraente que parece boa demais para desperdiçar. Em todas as eleições, cidadãos são vigarizados por falsas promessas de pavilhões, campos de futebol, piscinas, bibliotecas, emprego, ajuda financeira, saúde gratuita e ensino fácil.

Há duas regras simples para se proteger das mentiras políticas:
          ● Aprenda a distinguir as mentiras das promessas genuínas e exequíveis.
          ● Saiba como combater os truques de um político mentiroso.

Por que é que as mentiras políticas são, geralmente, bem sucedidas?

As mentiras políticas são bem sucedidas por dois motivos. Em primeiro lugar, as promessas têm uma aparência genuína. Parecem ir ao encontro dos desejos ou necessidades dos destinatários. Para ter a certeza de que se trata de facto de uma mentira, há que fazer o esforço prévio de análise adequada. Deve levantar questões e pensar cuidadosamente, antes de decidir o que vai fazer. Dependendo do assunto, pode fazê-lo no momento ou precisar de ajuda. Este postal presta-lhe ajuda neste processo. 

Em segundo lugar, os políticos mentirosos manipulam as vítimas “tocando nos pontos sensíveis”, no sentido de obterem a adesão, automática ou por impulso, que pretendem. Não se trata de uma questão pessoal, mas da forma como os indivíduos em sociedade estão ligados emocional e socialmente. O facto de responderem por impulso leva as pessoas a cair no embuste. Para não cair em ciladas, é útil saber como evitar a resposta por impulso.

Por que é que alguns políticos mentirosos são bem sucedidos?

Os políticos mentirosos tentam influenciar de diversas maneiras. Os estímulos psicológicos que em seguida se enunciam são frequentemente utilizados para obter uma adesão/voto por impulso sem que o destinatário se aperceba. Deve estar atento quando for abordado, ou mesmo quando alguém lhe pedir um favor.

“Reciprocidade” 
Os políticos mentirosos prometem e mesmo oferecem, por vezes, alguma coisa (e não só aqueles pequenos brindes, tais como esferográficas e bonés) para obterem algo em retorno, como, posteriormente, o seu voto. O cidadão sente-se obrigado a fazer qualquer coisa. Deve proteger-se desses sentimentos reconhecendo que as ofertas e favores não são mais do que artimanhas para o influenciarem a retribuir. Com o objectivo de convencer o cidadão a votar na sua pessoa, os políticos mentirosos são capazes de fazer uma oferta insustentável, para mais tarde poderem fazer outra que não pareça tão má, em termos comparativos.

Compromisso e consistência
Comprometeu-se com algo inicialmente e, mais tarde, o político-vigarista evoca esse compromisso inicial para obter a sua concordância posterior, no apoio e no voto. Este estratagema pode fazer com que se sinta pouco à vontade. Para se proteger, deve abordar separadamente cada compromisso e perguntar a si próprio se, dadas as circunstâncias, faria a mesma escolha que fez anteriormente. A sua intuição dar-lhe-á a resposta.

A prova social 
“Tanta gente apoia, logo, deve estar certo!”, resume bem a situação. Para obter a sua concordância, o político-vigarista referir-se-á ao que a maioria das pessoas quer (utilizam a expressão “o que o Povo exige”), nem que essa “maioria” não passe de meia-dúzia de cidadãos. Verifique objectivamente os factos e faça uso da sua experiência e do seu juízo.

Gostar
Uma boa aparência, interesses ou antecedentes semelhantes, o humor e outras características atraentes são instrumentos padrão tanto de políticos-vigaristas como de políticos honestos que pretendam estabelecer uma boa relação consigo. Se gosta de alguém, tem mais probabilidades de aceitar o que lhe estão a propor. A sua defesa é separar a promessa da pessoa que a faz ou que lhe está associada.

Autoridade
A autoridade, com ou sem uniforme, gera uma reacção automática em quase toda a gente. Quando foi a última vez que pediu a um agente que se identificasse, antes de cumprir as suas ordens? Estamos permanentemente a fazer apelo e uso da autoridade para justificar ou apoiar a nossa posição (a “legitimidade” do voto democrático…). O político-vigarista fá-lo deliberadamente para o ludibriar e obter o seu voto. Neste caso, a sua protecção é perguntar a si próprio se a autoridade é relevante para o contexto.

Oportunidade
O medo de perder uma oportunidade única! Quando dizem que esta é a última possibilidade isso faz com que muitas pessoas adiram apressadamente antes de terem a possibilidade de reflectir no que estão a fazer. Neste caso deve separar as emoções das decisões. Quando nos confrontamos com estas estratégias de influência, o facto de sermos apanhados numa fraude não é necessariamente um reflexo da nossa ingenuidade ou de um juízo deficiente. Apenas revela como os políticos-vigaristas são eficazes a manipular. Não se deixe ofuscar por engodos psicológicos. Reconheça-os tal como são, e mantenha a lucidez no momento de tomar decisões de apoio e de voto.

Mitos perigosos
Além destes engodos psicológicos, alguns cidadãos sustentam crenças que os deixam ainda mais vulneráveis às mentiras políticas. Uma dessas crenças é a de que todo os políticos, partidos e grupos de cidadãos eleitores são honoráveis e bons porque foram auditados e aprovados pelo poder judicial. Não é exactamente assim. Uma outra crença é a ideia de que aquilo que o político-vigarista faz é, apenas, pelo bem do povo. Coloque a si mesmo a seguinte questão: se alguém é assim tão altruísta, porque não abdica dos benefícios que o lugar lhe proporciona?

Quem o pode ajudar
Não se esqueça: se, habitualmente, não se envolve na política local, é melhor ouvir o maior número possível de pessoas, ligadas às organizações políticas em presença e pedir informações antes de tomar uma atitude definitiva. Aconselhe-se previamente e proteja-se.

A estratégia para vencer as mentiras políticas

Pode ser abordado para apoiar e/ou votar em alguém que lhe faz um elevado número de promessas, ou pode ter sido abordado, por um amigo, que lhe sugeriu determinado apoio. Isso pode ser uma fraude (de que o seu amigo, porventura, também é vítima). Como é possível saber? Costuma dedicar algum tempo a verificar se estas promessas são seguras e genuínas? Saiba que não está só Se, se sentiu enganado em anteriores situações, o facto de saber que não é o único serve-lhe de pouco consolo. Mas tal não precisa de voltar a acontecer. Pode fazer alguma coisa para se proteger. Pode apelar a outras pessoas para que o ajudem. Pode denunciar as mentiras e os comportamentos mentirosos, e pode ajudar a reduzir a sua incidência. É claro que os políticos-vigaristas tentarão novos métodos, mas todos temos o poder de lhes dificultar a tarefa.

Eis o que pode fazer para se proteger das mentiras:

1
          Dizer “NÃO” ou resistir (recuse agora pois pode apoiar mais tarde)


2
          Continuar a procurar informação
           
3
      Questionar


4
       Decidir, VOTANDO com a consciência de ter tentado obter todas as informações possíveis sobre a honestidade, a honorabilidade, a rectidão e a probidade dos candidatos.

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